Cerca de 15% dos adultos que trabalham enfrentam desafios relacionados à saúde mental, conforme alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Documentos inéditos sobre saúde mental e trabalho foram lançados por essas organizações nesta quarta-feira (28).
Os transtornos mentais e outras condições psicológicas se manifestam de maneiras diversas, variando em níveis de dificuldade e angústia. A falta de estruturas e apoio eficazes pode impactar a autoconfiança, a satisfação no trabalho e a capacidade laboral, prejudicando a busca por emprego, apesar da disposição para trabalhar.
As diretrizes da OMS e da OIT destacam que a saúde mental tem sido negligenciada por décadas na esfera da saúde pública global. Elas ressaltam que, em governos, locais de trabalho e comunidades, a saúde mental muitas vezes é mal compreendida, recebe poucos recursos e é relegada a uma baixa prioridade em comparação com a saúde física.
O estigma generalizado cria barreiras, impedindo alguns empregadores de contratar pessoas com problemas de saúde mental, enquanto alguns profissionais relutam em divulgar seus problemas ou buscar ajuda especializada por medo de repercussões na carreira.
Ambientes de trabalho saudáveis e propícios ao diálogo têm impacto positivo, proporcionando não apenas renda, mas também rotinas estruturadas, relacionamentos positivos e senso de propósito. Para aqueles com condições graves de saúde mental, o emprego pode facilitar a recuperação, promovendo melhor autoestima e funcionamento social.
A OMS destaca que ambientes de trabalho seguros e saudáveis não são apenas um direito fundamental, mas também contribuem para melhorar o desempenho, a produtividade e a retenção de funcionários, além de reduzir tensões internas e conflitos.
Por outro lado, o desemprego, a instabilidade, a discriminação e ambientes precários representam fontes de estresse, aumentando o risco para a saúde mental, especialmente em situações de discriminação por raça, gênero, identidade, deficiência, orientação sexual, origem social, migração, religião ou idade.
Ambientes de trabalho inseguros geram riscos psicossociais, como altas demandas, baixa autonomia e funções pouco claras, que podem intensificar o estresse e contribuir para exaustão, esgotamento, ansiedade e depressão. A violência e o assédio no trabalho, juntamente com condições precárias e remuneração inadequada, são fatores prejudiciais à saúde mental.
As diretrizes da OMS e da OIT destacam a importância de ações para mitigar riscos à saúde mental, incluindo treinamento para gerentes prevenirem ambientes estressantes e responderem a trabalhadores em sofrimento. Além disso, propõem estratégias práticas para governos, empregadores e trabalhadores a fim de prevenir riscos, proteger a saúde mental no trabalho e apoiar pessoas com transtornos, permitindo sua participação e prosperidade no ambiente profissional.